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Peixes Anjo em Aquário - Introdução

Fórum para discussão e identificação de peixes, corais e invertebrados. O que colocar, quando colocar, compatibilidade, alimentação, doenças, comportamento e condições de manutenção.

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Viva,
Mais uma versão portuguesa de um artigo publicado no H2O + Something: Peixes Anjo em aquário, uma introdução, por Reinaldo Chen

Este é um tema vasto, mas o Reinaldo Chen produziu uma boa síntese, com informação essencial para quem quiser iniciar-se no mundo dos "Anjos".

Espero que gostem. O meu muito obrigado ao Reinaldo Chen por partilhar o artigo e ao Pedro Conceição / João Ribeiro / Rui Ferreira de Almeida por partilharem as fotos.

Um abraço,
Ricardo Pinto


Angelfish

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Os anjos , são peixes da familia Pomacanthidae e compreende 9 géneros com 87 espécies.
Estão entre os peixes mais belos e comercializados no mercado de aquarismo.
Com tamanhos adultos variando de 4 a 50 cm, tem espécies muito adequadas ao aquarismo, assim como espécies praticamente impossíveis de serem mantidas por muito tempo em cativeiro.

Entre as espécies, existem alguns dos registros de maior longevidade em cativeiro, com peixes como Majestic e Imperator com registros de manutenção em aquários públicos acima dos 21 anos.

Assim como temos algumas espécies que a grande maioria dos capturados morre antes dos primeiros 6 meses, como os Regal e Tricolor (sempre haverão excessões, mas a maioria realmente morre).

Com muitas espécies povoando o sonho dos aquaristas, nada melhor que uma apanhado geral sobre a família e sua manutenção em aquários.


Anjos reef-safe

Todos os anjos potencialmente vão atacar corais. Podem demorar um pouco mais, mas cedo ou tarde a longo prazo, eles vão atacar, pois na dieta natural muito deles, o muco e os pólipos dos corais são parte integrante da dieta.

Fatores que miniminizam o ataque aos corais

  1. Aquário muito bem maturado com microfauna presente.
  2. Dieta variada e oferecida várias vezes ao dia.
  3. Escolha de espécies com menores registro de ataque de corais em aquário.
  4. Seleção de corais, aquários mistos acabam despertando ataque de corais que acabam sendo ampliados a outras espécies. Aquários com predominância de SPS são os menos sujeitos aos ataques. Zoantus e LPS, são os corais de maior risco e dependendo da espécie, devem ser totalmente descartados.

Famílias com melhor registro de não ataque a corais. Mas sempre o peixe que o aquarista comprar vai ser a excessão que come coral sem parar.

  • Genicanthus - todas as espécies
  • Arusetta - Asfur
  • Pygoplites - Regal
  • Pomacanthus - Majestic , Blue Face , Imperator
  • Chaetodontoplus - dubolayi , blue spot , graypoma
  • Apolemyittchys - xanthurus, flag fin ,
  • Centropyge - Flame , coral beauty , aurotonotus (nacional)

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Mantendo os anjos saudáveis


A melhor maneira de se manter anjos em cativeiro é em aquários com rochas vivas maduras, cheias de vida, num aquário com bons sistemas de filtragem, praticamente um reef, sem os corais e a iluminação.
As espécies menores, vão bem em aquários com 100 litros e as espécies maiores vão pedir aquários de 800 a 1000 litros para atingirem seu desenvolvimento máximo.

Ao planejar um aquário para anjos é fundamental ter os seguintes fatores em mente :

- Espaço para nado, os anjos na natureza percorrem territórios imensos, assim uma decoração compacta com muitas rochas, vai restringir a possibilidade de nado do peixe, inclusive podendo ser fator de stress e ocasionando inclusive ataque a corais.

- Abrigo, apesar de nadarem muito, os anjos são peixes que em alguns momentos do dia, precisam de abrigo, assim tocas que permitam seu repouso são importantes, e é necessário pensar em abrigos de acordo com o tamanho dos peixes.

- Qualidade da água, os anjos são na maioria bem resistentes, porém principalmente na fase de adaptação, é importante que a água esteja com pH, salinidade , nitratos e oxigenação em níveis adequados para melhor aclimatação dos peixes.

- Alimentação, anjos são peixes que bicam o recife o fia todo. Oferecer pelo menos 3 alimentações diárias é ideal para sua manutenção. Algumas espécies aceitam bem alimentos industrializados, outros tem um periodo de adaptação longo e devem ser tentadas apenas pelos mais experientes.
Alimentos secos, nori, vegetais , patês de frutos do mar e outros alimentos devem ser parte de uma dieta variada para os anjos.

- Territorialismo , muitos anjos são peixes dominantes em seu meio ambiente, assim naturalmente defendem vastos territórios e por isso se tornam agressivos em confinamento em aquários.
O ideal é não introduzir mais de um anjo no aquário para uma comunidade pacífica.

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Existem diversos aquários com muitas espécies de anjos reunidas em espaço limitados.

Aquaristas como Wayne Shang tem anjos agrupados há mais de 15 anos e apontam algumas observações :


- Planeje as espécies que você quer ter, tenha planos para introduzir peixes já quarentenados e adaptados a alimentação que vai ser padrão do aquário. Em aquários com muitos anjos, dificilmente haverá tempo para um peixe se adaptar a uma alimentação devido a competição.

- O aquário deve ser amplo e com rochas bem distribuídas. Quando novos peixes são introduzidos, será necessário na maioria dos casos, um novo arranjo de rochas, para que seja possível mudar os territórios existentes e possibilitando condições de igualdade entre os peixes antigos e novos peixes.

- Coloque as espécies mais sensíveis e com menor dominância em primeiro lugar, mesmo que um bom peixe dominante apareça antes, pode ser muito complicada a entrada de uma espécie de menor dominância entrar no aquário após uma espécie muito dominante se estabelecer.


Espécies com maior agressividade e dominância

  • Holocanthus - Passer , Ciliares
  • Pomacanthus - Imperator , Semicirculatus , Paru ,
  • Centropigue - Lemmonpeel , coral beauty , flame

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Se seu espaço é limitado (200 a 400 Litros) , considere ter um harem de centropygues ao invés de tentar agrupar temporariamente anjos grandes. Grupos de 6 a 8 centropygues podem ser formados introduzindo os peixes ao mesmo tempo, preferencialmente por peixes pequenos, do qual se desenvolverá 1 maior dominante.

Com muitos anjos, um bom skimmer , um reator de cálcio (manter o pH) e um reator de biopellets se tornam fundamentais.
Um ozonizador bem instalado é outra segurança que o aquário pode precisar.

Por serem peixes de maior massa e metabolismo médio, é importante manter pelo menos 1 bomba em nobreak ou bateria para que não pare de funcionar em caso de interrupção de energia, pois são peixes que mesmo que não morram num primeiro momento, o stress causado por baixa oxigenação levará a ictio com certeza.

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Doenças

Os anjos na sua maioria vem com parasitas quando chegam da importação ou coleta aqui no Brasil.
Apresentam tremátodes (flukes) e ictio (em menor quantidade) e devem ser tratados no período da quarentena. Se não apresentarem sintomas na primeira semana, não aplicar remédio e deixar o peixe se aclimatar a dieta, na segunda semana introduzir tratamento anti tremátodas com praziquentel ( Prazipro da hikari, droncit bayer etc) . Se necessário aplicar tratamento contra ictio.
Após o tratamento com praziquentel, e boa adaptação a dieta, o peixe pode ser introduzido no aquário e pode proporcionar anos de comportamento curioso e belas cores no aquário.

Se um peixe adquire ictio depois de colocado no aquário, convém tratar fora do aquário principal em aquário hospital, a maioria dos anjos não tem problema com cobre, desde que monitorado adequadamente.

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Comprando anjos nas lojas

Após escolher a espécie desejada, é buscar o peixe em uma das lojas do mercado.
Infelizmente por conta da febre dos aquários de corais, a demanda por anjos caiu muito e muitas espécies há anos não são importadas. Mas insista com sua loja para que peçam uma espécie que você deseja, somente assim um dia ela será importada.

Se encontrar o peixe que você deseja, verifique se está se alimentando bem.

Se está com a barriga limpa e sem nenhum ponto avermelhado ou inchado, muitas espécies são coletadas em profundidades acima de 20 metros e precisam de descompressão, o método da agulha na bexiga natatória é muito comum e se feito sem precisão, pode dar infecção e o peixe irá morrer sem possibilidade de intervenção do aquarista.

Peixes com dorso muito magro podem indicar coleta com quinaldona ou cianeto e podem estar comprometidos, mas normalmente são indicadores de parasitas. Se o peixe for raro e você estiver disposto, faça um tratamento anti parasita e uma boa quarentena para recuperar o peixe.

Prefira peixes jovens com tamanho entre 3 a 4 cm para centropyges e cerca de 8 a 10 cm para anjos maiores . Peixe menores tem metabolismo rápido e pedem maior dedicação na alimentação.
Peixes adultos podem ter muita dificuldade de se adaptar ao confinamento e a dieta do cativeiro.


Para qualquer peixe uma quarentena é fundamental. Para os anjos e borboletas, o tratamento com praziquentel, tem se mostrado mundialmente, principal forma de aumentar a saúde dos peixes em cativeiro. Após uma limpeza de flukes, e adaptação a alimentação, os anjos podem proporcionar anos de satisfação, com peixes juvenis mudando para cor adulta, com peixes desovando (quando casais ou haréns).

Existem mitos como peixes que nunca mudam da cor de juvenil para adulto, normalmente isso ocorre em aquários com condições ruins ou medianas de água e alimentação. Em aquários com boa manutenção a transformação ocorre normalmente e a diferença entre um peixe capturado adulto e transformado em cativeiro não é tão grande assim. O mais importante é que são peixes que merecem a dedicação do aquarista e toda dedicação será compensada.

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Texto: Reinaldo Chen
Fotos: Pedro Conceição, João Ribeiro e Rui Ferreira de Almeida
Os meus aquários:
2012 a 2013 ->Pyramid Reef 800L
2014 a 2015 -> H2O+Something - 200L
2015 actual -> H2O+Something II - 500L


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Muito bom artigo! Batante completo e acurado...

Só há uma coisa que não concordo a 100%: o fato de os anjos se darem bem com cobre desde que monitorizado.

Pelo que tenho lido e pela minha experiência com anjos, o cobre afeta mais os anjos do que a maioria dos outros peixes.
Perdem mais facilmente o apetite (talvez pela sua natureza mais picuinhas) e alguns acabam por deixar de comer por completo ao fim de 12-15 dias em cobre (concentrações de cobre a rondar os 0,5ppm).

Eu não aconselho a passar estes peixes por uma quarentena em condições (mínimo 4 semanas), com cobre... E, de há uns tempos para cá, quando compro anjos utilizo outros métodos de quarentena e não costumo ter problemas.
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Olá César,

Também concordo contigo e digo mais... tenho muito receio do uso de cobre para quarentena/tratamento de peixes. Conheces alguma literatura que fale sobre a segurança do uso de cobre?

Acho que o uso de cobre tem de ser sempre muito bem monitorizado (o que em 99% provavelmente não acontece) e que a longo prazo pode facilmente causar lesões em orgãos ou diminuir a capacidade do sistema imunitário. Mas nunca li nada sobre isto concretamente e gostava de ler.
Os meus aquários:
2012 a 2013 ->Pyramid Reef 800L
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Infelizmente literatura fidedigna não encontro, ainda!

Aquilo que digo é baseado na minha experiência pessoal e no muito que leio em foruns, sobretudo americanos.

Mas não tenho dúvidas nenhumas que demasiada exposição (tempo a mais ou concentração mais elevada) provoca danos internos nos peixes, condenando-os muitas vezes à morte.

Mas eu vou deixar de usar cobre para quarentena (neste momento, depois do "lifting" ao meu aquário, coloquei todos os meus peixes em quarentena e ainda estão há cerca de 4 semanas. Vou deixar 5!) e vou passar a usar um método "recente": O Tank Transfer Method! Pelo que tenho lido, é eficaz e muito mais seguro.
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Boas...
quem sabe muito sobre uso de cobre em aquarios é o Rui Ferreira de Almeida. Ele de certeza que vos indicará boa literatura sobre o assunto, tentem entrar em contacto com ele.


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César Soares Escreveu:
Vou deixar 5!) e vou passar a usar um método "recente": O Tank Transfer Method! Pelo que tenho lido, é eficaz e muito mais seguro.


Isso já merecia um tópico a explicar melhor esse método :d



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2012 a 2013 ->Pyramid Reef 800L
2014 a 2015 -> H2O+Something - 200L
2015 actual -> H2O+Something II - 500L


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Boas Marco.

Sim o Rui poderá nos ajudar, mas muito se calhar devido á sua vasta experiência pessoal com peixes e o uso de cobre..

Mas seja como for, penso que estudos exaustivos e claros sobre os maleficios do uso do cobre em peixes não haverão muitos.. Devem ser caros e a acho que a nossa indústria ainda não se virou para aí...
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