Rui Manuel Gaspar Escreveu:
Boas :ola),
Bem, eu não tenho muito hábito de fazer comentários do tipo Boa, fantástico e coisas do género.
Geralmente se reparares nem sequer comento tópicos demasiado técnicos (assumo a minha ignorância em alguns temas) e geralmente só respondo a principantes na ajuda às suas dúvidas.
Contigo ... confesso que nada tenho que possa ensinar ou aconselhar. Mas garanto-te que aprendo imenso com os teus tópicos.
Até pode ser da luz ou das fotografias, mas continuo a achar que tens o areão demasiado sujo (cianos?) embora agora até acho que seja natural devido a todas essas "movimentações". Tenho a certeza que quando isso tudo estiver concluído (se é que é possível um projecto de aquariofilia alguma vez se dar por concluido) o aquário estabelizará num instante.
No entanto não consideras a hipótese de aspirar o areão com um aspirador de fundo da Marina?
Já agora também entendo que és um pouco diferente (como eu) na equipa de limpeza. Não gostava de colocar ermitas, cerithes ou nassários no meu aquário. Dado que vou ter um pouco de areão para cobrir o fundo o que aconselhas em termos de equipa de limpeza?
Abraços e boa continuação.
Rui
Olá Rui
Não, não considero a hipótese de aspirar o areão, vou sim retirá-lo na sua maior parte!
As manchas em causa resultam de sujidade residual que ficou depois das cianófitas desaparecerem. Nós não efectuamos limpeza ao areão porque este tem uma camada tão fina que será aspirado quando fizermos isso, o que de resto é a nossa intenção porque não pretendemos ter tanto areão, seja na lagoa, seja nos dois outros sistemas. A experiência demonstrou que é contraproducente no nosso caso ter tanto areão porque este actua como um depósito de resíduos que mais tarde ou mais cedo acaba por dar problemas, alias deu recentemente problemas porque um dos peixes que tínhamos, o Acanthuros shoal, resolveu criar algum espaço debaixo de uns ramos de coral que aqui temos e que é lugar de eleição por vários peixes para passar a noite ou se retirarem e isso não só provocou a a perda de vários peixes como também do próprio shoal. Dentro em em breve chegará outro mas já não vai ter areão para "varrer". Esta situação assumiu as proporções em causa porque se deu justamente no momento em que estávamos a fazer a ligação dos três sistemas com a instalação da AG8 e das duas caixas de depuração e a lagoa assim como o sistema triangular tiveram de funcionar, 24 horas a primeira e 48 horas o segundo, sem escumador e apenas com bombas de circulação, ora se não houvesse areão ou pelo menos fosse numa quantidade que não permitisse a acumulação dos resíduos, esta situação poderia não ter ocorrido ou assumido as proporções que assumiu. Na altura da instalação eu já não queria colocar tanta areia, mesmo assim deixei-me convencer por um amigo e coloquei um saco de 25 kg, agora e oportunamente vou ter de ir retirando o areão, tanto na lagoa como e principalmente no sistema triangular mar das gorgónias onde ainda tem mais areão, para controlar melhor esta situação sem ter de ter o trabalho de limpar o areão que por muito que nos esforcemos, não só não fica como deve mas rapidamente acumula demasiados detritos, mesmo que se limpe todas as semanas. No nosso caso que fazemos trocas abundantes e frequentes de água, alias estão ali fora 440 litros de água nova para entrar hoje, será suficiente para exportar eficazmente os resíduos. Se outras pessoas têm tempo para isso e querem, façam-no na certeza de que mais tarde ou mais cedo vão ter sempre acumulações indesejáveis além da trabalheira e instabilidades associadas.
Em síntese aquilo que não existe não causa problemas, não se avaria, etc...Basta uma camada mesmo muito fina só para exibir alguma areia que facilmente deixa o vidro do fundo visível mas que podemos ajeitar e assim não há novidade. Outro grande amigo que tenho, o Carlos Mota, está justamente a retirar a maior parte do areão porque constatou e eu eu estava presente e vi, que tinha depósitos de material em decomposição muito nocivos para o sistema e assim vai retirando um pouco de cada vez até ficar só com uma camada muito ténue a cobrir o fundo. Alias no mar, quando recolhemos plâncton, e é o Nuno Pedro que agora recolhe o plâncton, ele agita sempre o areão para poder recolher mais organismos plânctonicos e no local vê-se a quantidade de resíduos que se soltam na coluna de água, ora o mar é grande e aberto e tem toda uma dinâmica que os nossos sistemas fechados nunca podem ter, por isso a melhor forma de contornar esta situação, é justamente eliminar o problema, ou seja, como o que não existe não causa dano, então retira-se ou reduz-se de tal modo que deixa de constituir problema e deixa de dar trabalho. Bactérias e outros organismos importantes para a viabilidade biológica do sistema, surgem e fixam-se em volume suficiente nos vidros, filtros, rocha viva, cerâmicas para quem as usa, nas bases dos corais, etc..., podem é levar mais tempo e isso muitas vezes actua negativamente porque na sociedade em que vivemos geralmente queremos tudo para ontem ou para semana passada, e isto é um trabalho de paciência e que leva tempo. Isto não é nada de novo mas leva tempo a ganhar habito e raízes na comunidade vasta de aficionados. Conheço vários casos de sistemas que funcionam desta maneira, mas ainda é uma abordagem pouco difundida e aceite/compreendida, dito isto há muitas maneiras de exportar resíduos/poluentes, mas para o nosso modo de vida cá em casa, não servem.
Esta breve experiência que estamos ter desde o arranque da lagoa, ensinou muito e agora para o estreito abissal já vamos fazer de modo diferente, ou seja, já estava previsto haver uma parte, cerca de metade do comprimento, sem areia, e agora ainda menos areia vai ter porque na outra parte só vai mesmo ter uma finíssima camada para dizer que tem areia.
Quanto a organismos que possam ajudar a "limpar" o areão, as Cypraea são boas, os Strombus também e as estrelas [url="http://directsealife.com/shop/images/Astropecten%20polyacanthus.jpg"]Astropecten[/url] também, mas nunca e por muitos que sejam, conseguem de facto limpar, porque também sujam, ou seja podem alimentar-se de resíduos, serem necrofagos, etc... mas também processam o que ingerem e sujam, por isso acabam por contribuir para a sujidade, ora pode-se equilibrar a coisa mantendo uma relação desses organismos equilibrada com o volume de alimento e camada de areão ténue disponível e há sempre alimento disponível.
Tirei algumas fotografias e vídeos há alguns minutos e vou oportunamente colocar aqui. Em síntese, a experiência que tenho mostrou que aquilo que não existe não dá problemas por isso retira-se ou reduz-se ao máximo e as trocas abundantes de água fazem o resto, sem grande trabalho o que pelo menos para mim para o Nuno e para todos cá em casa é fundamental dado que vivemos com os aquários mas não vivemos para os aquários!